quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Casamento
Ela estava esplêndida. Suas vestes brancas e compridas que roçavam sua pele cor de neve faziam com que o quadro parecesse ainda mais fantástico. Ele olhava pra ela quase que se apaixonando de novo, procurando com os olhos brilhantes de emoção alguma imperfeição no corpo dela que pudesse apontar que aquilo estava acontecendo de verdade, que nada daquilo era um sonho. O padre falava, mas os dois pombinhos estavam muito ocupados viajando um no olho do outro para percebê-lo. Na verdade, para perceber a todos. Suas mãos unidas e seus corpos separados lhes indicava a necessidade de estar juntos, a necessidade de estar ali, naquele momento, a idéia de que tudo o que mais precisavam na vida, era do sorriso do outro, do toque de suas mãos, da companhia desse alguém. Foi então que ele parou, saiu de transe. Olhou para o padre como se este tivesse acabado de pronunciar uma blasfêmia. Homem brasileiro, direito, romântico incurável, simplesmente disse ao padre para parar a cerimônia. Ela se assustou, caiu em lágrimas, não entendeu. Ela tinha tanta certeza de que ele também queria aquilo. Foi quando ele estendeu as mãos e envolveu o corpo dela, frágil, deu-lhe um beijo doce. Ela ficou ainda mais confusa, ainda mais perdida. Ele a levantou com muita facilidade, como se ela fosse uma pluma. Ela entendeu. Viu que o problema não eram eles, era o que fora dito. O padre havia dito o que eles não suportavam, disse que estariam juntos até que a morte os separasse, e não podia ser assim, não para eles. Eles estariam juntos para sempre, não só em vida. Quando saíram da Igreja naquele dia, ele não disse: Enfim sós, como todos os maridos fazem. Ele a segurou no colo como sempre fazia e disse: Enfim juntos.
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