quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Livre.
2, 6, 7, 8, 9, 3, 4, 5. 2678-9345. Ela discava os números freneticamente. Suas mãos suadas que tremiam ao vê-los impressos na tela do seu celular. E apagava um por um. Como doía nela, que aqueles números fossem a única lembrança que tinha dele. Como doía nela, saber que a historia chegara a um fim, assim como os números que apareciam e desapareciam tão facilmente. Ela piscou os olhos e ele não estava mais ali. Como doíam seus olhos vermelho ardente, que choravam mágoas de um amor passado, um amor que nem ao menos existiu. Como doía ver as memórias voltando, e desmascarando mentiras, ocultando verdades, formando tantos sonhos, destruindo tantas expectativas. Como doía saber que o mais eterno, tivera fim. O pra sempre, sempre acaba. Como doía seu peito, que pesava por tantas tristezas acumuladas. Não se movia, só olhava pra aquela tela. Era só ligar. Fechou os olhos, largou o celular. Como doeu em seus ouvidos o baque do aparelho no chão de concreto. Abraçou seu próprio corpo, refugiando-se na carne quente de seus braços, envolvida por remorso. Libertou seus lábios, tão selados por um grito de dor oculto. Gritou, e ainda assim, estava tão silenciosa. Abaixou-se e ao agarrar o aparelho, soltou um sorriso, e como doía sorrir. Jogou-o para longe. E também doeu. Basta. Basta de ler horas e horas palavras que eram só letras e mais nada! Basta de sofrer. Basta de chorar. Basta de morrer. O sol secava suas lágrimas, que agora corriam por sobre seu rosto macio. Ela se levantou, recebendo forças que não tinha. E caminhou. Afogou no mar as mágoas. E quando correu, nossa, nada mais doía. Estava livre.
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