sábado, 27 de novembro de 2010

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E como uma máquina, eu espero o cronômetro marcar 00:00 e me apagar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

574.

As chamas consumiam os vidros que ao longo do tempo embaçavam. Todos no interior, gritavam frenéticamente, esquivando-se do calor ardente e refugiando-se na fé. Eu fiquei sentada. Não movi um músculo sequer. Não gritei. Tampouco tive medo. O fluxo de pessoas era demasiado para o espaço, que parecia ficar cada vez menor. As paredes me esmagavam, meus pulmões latejavam de dor, minha face molhada pelo suor, minha boca arfava ofegante, involuntária. Nos meus olhos, eu vi o vermelho do fogo e a dor me chegou à pele, que sentia a aflição, que sentia a agitação. Mulheres, homens, crianças, todos gritando, todos correndo, todos agarrando-se à algo ou alguém, todos acreditando, ou querendo acreditar. E eu imóvel. Foi como assistir à um coração, que antes de se apagar, palpita como nunca antes, e depois, sem avisos, se fecha num mundo próprio, sem volta. A tosse seca aflorava por sobre meus lábios frios e quentes, secos e irritados. Olhei pro meu pulso, e vi. Vi as horas, vi o tempo passar. Minuto por minuto. Segundo por segundo. Foi tão indiferente. Com a ponta dos dedos, escrevi no vidro o que devia. Fechei os olhos e senti as pontas dos dedos adormecendo, senti uma dor intensa no meu corpo, mas em silêncio fiquei. Minhas pernas arederam no fogo amarelo. Depois de um tempo, que a chama incandescente se apoderava de mim, esta assumiu a cor vermelha. O fogo se misturava com meu sangue. Doeu. Aliviava meus músculos, o sofrer inacabável. Tentaram me acordar do transe, tirar-me o único que me restava: a dor. Não conseguiram. Adormeci ali. Viu-se no vidro do ônibus escrito: Amo-te, vivi por ti, morrerei por ti.

456.

Foi no ônibus em pleno movimento que meus sonhos desbaram. As lágrimas que tentavam se agarrar à algo pra não cairem, jorravam sem fim, sem rumo, sem jeito. Você mal percebeu o que estava aconetcendo comigo, mal consegue entender o que isso significa. Meu mundo desabou com palavras ditas e tudo se chocou contra mim. Morrer não me pareceu tão terrível quanto o que estava por vir. Uma parte de mim, olhava pra janela, fugindo dos seus olhos que tanto me diziam, e olhava procurando por indícios de que o destino não fôra tão cruel, não tivesse me tirado a chance de ser feliz. Não consigo suportar o mundo sem te ter ao meu lado. Você é meu mundo. O pior é que não tem jeito. Eu sei que pra você, tudo vai mudar, vai doer e vai passar. Mas pra mim, a ferida, vai ser tão eterna quanto meu amor. Eu me vi sangrando, e estava tão em paz... Te beijei, como se fosse a última vez, senti teus braços, para nunca esquecê-los. Desci do ônibus e disse adeus. Adeus à você. Adeus à felicidade. Adeus à vida.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Way Back Into Love.

've been living with a shadow overhead
I've been sleeping with a cloud above my bed
I've been lonely for so long
Trapped in the past, I just can't seem to move on

I've been hiding all my hopes and dreams away
Just in case I ever need them again someday
I've been setting aside time
To clear a little space in the corners of my mind

All I wanna do is find a way back into love
I can't make it through without a way back into love
Oh oh oh

I've been watching but the stars refuse to shine
I've been searching but I just don't see the signs
I know that it's out there
There's gotta be something for my soul somewhere

I've been looking for someone to shed some light
Not somebody just to get me through the night
I could use some direction
And I'm open to your suggestions

All I wanna do is find a way back into love
I can't make it through without a way back into love
And if I open my heart again
I guess I'm hoping you'll be there for me in the end

There are moments when I don't know if it's real
Or if anybody feels the way I feel
I need inspiration
Not just another negotiation

All I wanna do is find a way back into love
I can't make it through without a way back into love
And if I open my heart to you
I'm hoping you'll show me what to do
And if you help me to start again
You know that I'll be there for you in the end

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Enceno o fim e enfim começo.

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Without you the days are like: Moanday, Tearsday, Wasteday, Thirstday, Frightday, Shatterday and Sadday.

Existir inexistente.

Brinquei de não existir, hoje. Por um momento, fui um fantasma e voei como a chama da vela que incandescente é livre. Fui impassível, impassável, mas não impossível. Nada é impossível. Alguns segundos eu tive para dedicar à mim mesma, esquecendo o ar, as pessoas, os sonhos, os sentimentos, o todo e o nada, e lembrando só de mim. Meu coração flutuava no meu peito e eu o enxerguei dançar, num palpitar ingênuo, celebrando a oportunidade de "não ser" nesse mundo que tudo é. Meus olhos viajaram no interior marrom deles mesmos, vendo a vida como um filme mudo e em preto e branco. Por um tempo, estava no branco do nada e do tudo, esperei ali sentada. Ouvi os pássaros que cantavam lindamente em sinfonia com os grilos que cricrilavam intensamente. O cheiro de rosas aparecia, vindo do meu sorriso que aflorava. Minhas pernas foram ficando cobertas de sal e água, da chuva que descia dos meus olhos, a minha alma voou, e escapou nas lágrimas. Seu beijo doce era o único que senti depois. Foi aí que lembrei, que é por você, e mais ninguém, que quero existir. Brinquei de não existir. Hoje, também agradeci por existir e ter alguém tão inexistente quanto você.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Solidão Junta.

Você é meu.
Assim como a gota de orvalho,
respingando numa dança,
toca a folha da relva, doce, quieta e serena
pertence à luz divina do raio de sol amarelo.

Você é seu.
Assim como o mundo gira em seu eixo,
tranquilo, indomável, eterno,
e pertence à ele e mais nada.

Você é nosso.
Por que eu sou tua,
ou um dia já fui,
assim como o fruto um dia cai
e sozinho fica.

E a solidão,
se é tão sozinha quanto dizem,
por que sempre há alguém que a sente?

A solidão tem quem a sinta,
e quem a sente, tem
a solidão.

Você é minha,
eu sou sua,
você e nossa,
você sou eu
e eu sou a solidão.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Anjo.

Com um canto angelical,
adormeci as pálpebras exaustas
corroídas por um passado surreal
na pele branca e sem vida,
no negro eterno e profundo que é a escuridão.

A gota de orvalho caiu
mais uma vez na relva,
que banhada estava pelo brilho do sol,
levando ao meu semblante mórbido,
as luzes e cores de um arco-íris preto e branco.

O vento com rosas soprou
elevando meus cabelo negros e loiros
num vôo sem graça e sem direção,
e cobriu-me os pómulos,
que escondidos pela pele do tempo,
jaziam sem cor e coloridos.

O frio chegou-me aos ouvidos
e ouvi o que tentava me dizer,
o arrepio que por sobre minha coluna desceu,
num ritmo fenomenal,
me transportou aos teus braços.

Suas veste brancas
banharam meu corpo,
e fundiram minha alma
com a sua,
e suas asas vivas e mortas,
envolveram minha carcaça numa viagem só de ida.

Ó, anjo,
salvastes minha alma do frio que percorre,
do vento que sopra,
do olhos que se selam.

Salvastes minha morte,
e continuo morta.
Morta e mais viva que nunca.



Por Martina Davidson, que escreve ao seu anjo. Espero que me ouças. Espero um sinal.

sábado, 13 de novembro de 2010

Português.

Ele caminhou até ela cheio de seus anaforismos e anacolutos. Carregava a língua no peito e os verbos cobriam-lhe o olhar. Seu andar firme, completo, como se fosse ele mesmo um grande e rico dicionário, com tantas, mas tantas palavras... E ela sentada esperou. Não respirou, não piscou, não se moveu. Batendo nos ombros dela, de uma maneira quase suave, ele disse:
- Estive procurando por você.
- Também estive. - respondeu ela.
- Ora, mas eu mal a conheço! Só vim até você devido ao livro de Língua Portuguesa que esquecestes sobre minha mesa.
- Bom, viestes... E aqui estamos: eu, você e livro, como se fossemos um só. Eu em você, você em mim, e nós no livro. Se você pensar, somos uma história, acabamos de dar vida à um livro.
- Começo a desconfiar se foi uma boa idéia eu ter vindo até você.
- Não sei se foi boa, mas foi. Tanto é que você está aqui.
- Bem apontado.
- ...
- Preciso ir. Amanhã temos teste de português, e nem todos nós temos a sorte que você tem de nascer com dom para as palavras.
- Se quiser te ajudo.
- Não quero incomodar.
- Já sei, por que não traz sua boca pra perto da minha e assim te ensino as palavras?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pensamentos de uma tarde chuvosa.

Acordei tudo.
Dormi nada.
Senti flores.
Chorei versos.
Gritei dores.
Soprei mágoas.
As coisas mudam. Querendo ou não, elas mudam.
As pessoas assumem papel de mosntros.
Monstros perversos e indomáveis.
E esses monstros são o crânio.
O crânio, é a gente.
A gente é o mal.
As gentes são o mal.
O mal.
Adormecer no bom.
Acordar no mal.
Sentir mares.
Chorar almas.
Gritar músicas.
Soprar presentes.
O presente é relativo. Querendo ou não, ele não volta, não se repete e tampouco se concretiza.
As pessoas são o presente.
As pessoas são presentes.
Você é um presente.
E você, sou eu.
Que presenteia.
Presente finito e eterno.
Adormecer pra sempre.
Acordar dormindo.
Sentir nada.
Chorar tudo.
Gritar por ajuda.
Soprar a vida.
A vida que voa. A vida que como um sopro, voa...

As coisas.

Ontem, as coisas doeram. Senti a derrota preenchendo os milímetros do meu vermelho sangue, dono das minhas veias, transpotador do sentimento. O sentimento que percorre no interior da minha pele trazendo o arrepio intenso. As coisas bateram em mim como se estivesse em um carro à 220 quilometros por hora e me chocasse contra uma parede cinza de concreto. Nada nem ninguém conseguiriam me tirar a dor fulminante e fóbica que se apoderava de mim. O tudo me pareceu tão nada quanto o próprio nada, que é pra mim, um quarto escuro e vazio de sentimentos, prazer, culpa, dor, amor, tempo, céu, chão. A dor corría minha feições feridas pelo que o tempo um dia me trouxe, deixando-me encurralada na esquina da minha própria mente, sendo atacada por milhões de arrependimentos famintos por retorno! Ontem, entrei em transe, pois as coisas doeram. As coisas doem. Senti o vento frio e as gotículas de chuva nas minhas pálpebras adormecidas no branco da minha pele e no negro da escuridão. As coisas me interromperam acordando-me de um conto de fadas. Meu coração morreu, me deixando uma carcaça completamente oca. Acontece, que as coisas sem você, doem. E você não faz a mínima idéia. Se você se for, vou estar numa caída eterna pra lugar nenhum. As coisas iriam me doer sempre.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

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Parabéns, você conseguiu. Aguou o café da minha vida, que ficou sem gosto, sem graça, sem café. Ficou só água.

Café.

Hoje de manhã, meu café está diferente. Fiz tudo como sempre faço, mas o gosto dele, amargo e puro, está muito diferente. Talvez seja culpa dos meus pensamentos, que tendem a voltar à você. Que adormeceram e amanheceram dentro de memórias em que você protagonizava meu coração e mergulhava nas profundezas dos sentimentos cor de coral. Pra mim os sentimentos são coral, nem vermelhos, nem rosa, nem verdes, apenas corais. Por que coral, coral não é nada. E é tudo. Talvez esteja diferente pelo medo que se apodera da minha pele fazendo-a arrepiar-se com o soprar do vento frio da solidão crescente. Ou talvez os sonhos interruptos e inacabáveis adocicaram o líquido marrom, fazendo com que a fumaça que dali provém dance nas cores mais belas do arco-íris. Quem sabe, o amor que tenho por ti, me fez mudar o gosto, deixando-me sem graça, sem textura, sem essência. Pode ser que a alegria que fugitiva escapa, tenha levado o sabor amargo, trazendo gosto de sangue e terra, de ouro e bronze. O vazio do recinto pode ter me deixado sem lar, pode ter roubado as vozes, a melodia, o som, que alimentava o gosto forte e intenso daquele café. Passo a mão no rosto, que arde em chamas. Noto as lágrimas aflorando e despencando por sobre do marrom do café. Do café da vida.