quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Café.

Hoje de manhã, meu café está diferente. Fiz tudo como sempre faço, mas o gosto dele, amargo e puro, está muito diferente. Talvez seja culpa dos meus pensamentos, que tendem a voltar à você. Que adormeceram e amanheceram dentro de memórias em que você protagonizava meu coração e mergulhava nas profundezas dos sentimentos cor de coral. Pra mim os sentimentos são coral, nem vermelhos, nem rosa, nem verdes, apenas corais. Por que coral, coral não é nada. E é tudo. Talvez esteja diferente pelo medo que se apodera da minha pele fazendo-a arrepiar-se com o soprar do vento frio da solidão crescente. Ou talvez os sonhos interruptos e inacabáveis adocicaram o líquido marrom, fazendo com que a fumaça que dali provém dance nas cores mais belas do arco-íris. Quem sabe, o amor que tenho por ti, me fez mudar o gosto, deixando-me sem graça, sem textura, sem essência. Pode ser que a alegria que fugitiva escapa, tenha levado o sabor amargo, trazendo gosto de sangue e terra, de ouro e bronze. O vazio do recinto pode ter me deixado sem lar, pode ter roubado as vozes, a melodia, o som, que alimentava o gosto forte e intenso daquele café. Passo a mão no rosto, que arde em chamas. Noto as lágrimas aflorando e despencando por sobre do marrom do café. Do café da vida.

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