terça-feira, 16 de novembro de 2010

Anjo.

Com um canto angelical,
adormeci as pálpebras exaustas
corroídas por um passado surreal
na pele branca e sem vida,
no negro eterno e profundo que é a escuridão.

A gota de orvalho caiu
mais uma vez na relva,
que banhada estava pelo brilho do sol,
levando ao meu semblante mórbido,
as luzes e cores de um arco-íris preto e branco.

O vento com rosas soprou
elevando meus cabelo negros e loiros
num vôo sem graça e sem direção,
e cobriu-me os pómulos,
que escondidos pela pele do tempo,
jaziam sem cor e coloridos.

O frio chegou-me aos ouvidos
e ouvi o que tentava me dizer,
o arrepio que por sobre minha coluna desceu,
num ritmo fenomenal,
me transportou aos teus braços.

Suas veste brancas
banharam meu corpo,
e fundiram minha alma
com a sua,
e suas asas vivas e mortas,
envolveram minha carcaça numa viagem só de ida.

Ó, anjo,
salvastes minha alma do frio que percorre,
do vento que sopra,
do olhos que se selam.

Salvastes minha morte,
e continuo morta.
Morta e mais viva que nunca.



Por Martina Davidson, que escreve ao seu anjo. Espero que me ouças. Espero um sinal.

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