segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Existir inexistente.

Brinquei de não existir, hoje. Por um momento, fui um fantasma e voei como a chama da vela que incandescente é livre. Fui impassível, impassável, mas não impossível. Nada é impossível. Alguns segundos eu tive para dedicar à mim mesma, esquecendo o ar, as pessoas, os sonhos, os sentimentos, o todo e o nada, e lembrando só de mim. Meu coração flutuava no meu peito e eu o enxerguei dançar, num palpitar ingênuo, celebrando a oportunidade de "não ser" nesse mundo que tudo é. Meus olhos viajaram no interior marrom deles mesmos, vendo a vida como um filme mudo e em preto e branco. Por um tempo, estava no branco do nada e do tudo, esperei ali sentada. Ouvi os pássaros que cantavam lindamente em sinfonia com os grilos que cricrilavam intensamente. O cheiro de rosas aparecia, vindo do meu sorriso que aflorava. Minhas pernas foram ficando cobertas de sal e água, da chuva que descia dos meus olhos, a minha alma voou, e escapou nas lágrimas. Seu beijo doce era o único que senti depois. Foi aí que lembrei, que é por você, e mais ninguém, que quero existir. Brinquei de não existir. Hoje, também agradeci por existir e ter alguém tão inexistente quanto você.

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